Excesso de RTX 4090D: Data centers na China desmontam GPUs para vender por "nova" e reduzir prejuízos

Excesso de RTX 4090D: Data centers na China desmontam GPUs para vender por "nova" e reduzir prejuízos
Excesso de RTX 4090D - foto por Christian Wiediger

A revolução da inteligência artificial na China, que parecia imparável até o ano passado, agora enfrenta um problema inesperado: estoques encalhados de placas de vídeo RTX 4090D — e caros. Segundo o site DigiTimes Asia, alguns data centers estão desmontando, reformando e revendendo essas GPUs como "novas" para conter prejuízos que já começaram a pesar no caixa.

O boom da IA virou bolha?

No auge da corrida por IA, empresas chinesas apostaram alto. Compraram milhares de RTX 4090D com 48 GB, uma versão customizada especialmente para o mercado chinês, após restrições impostas pelos EUA aos chips aceleradores da NVIDIA.

Só que agora a realidade mudou:

  • Para um centro de dados gerar lucro com IA, as GPUs precisam estar ocupadas mais de 70% do tempo.
  • Mas atualmente o uso médio está abaixo dos 20%.

Ou seja, as placas estão paradas, consumindo energia (literal e financeira) sem gerar retorno.


Alugar ou vender? A matemática não ajuda

A ideia de alugar placas para projetos de IA perdeu força. O retorno seria de 3 a 5 anos para cobrir o investimento — tempo demais para empresas que já sentem o peso da estagnação.

A alternativa? Vender as placas no mercado paralelo.

  • Mesmo sendo hardware de segunda mão, cada GPU é oferecida por 20 mil a 40 mil yuans (cerca de US$ 2.735 a US$ 5.470).
  • Em alguns casos, essas placas nem chegaram a ser usadas plenamente, mas estão sendo rotuladas como "novas".
  • Lucro na venda pode superar — e muito — o aluguel por anos.

“Customizadas”, mas com barulho e calor extra

As RTX 4090D vendidas por essas empresas muitas vezes passaram por modificações nos sistemas de refrigeração. É comum que os data centers troquem os coolers originais por ventoinhas do tipo turbina — mais barulhentas, menos eficientes, mas ideais para uso em servidores de rack.

O problema? Isso reduz a eficiência térmica e acústica das placas fora do ambiente profissional. Ainda assim, elas são colocadas no mercado como novas, o que levanta questões sobre transparência na revenda.


Pressão dos EUA e incerteza futura

Esse movimento acontece em meio a sanções cada vez mais rígidas dos Estados Unidos:

  • A exportação da série H20 da NVIDIA já foi bloqueada.
  • A GeForce RTX 5090D, próxima da linha, pode ser a próxima na mira.
  • A própria NVIDIA reduziu o envio de GPUs para o território chinês, antecipando novos bloqueios.

Esse cenário reduz o uso prático das placas de vídeo nos projetos de IA, ao mesmo tempo em que encarece novas aquisições, criando um ciclo de pressão.


Uma bolha de silício?

O excesso de placas RTX 4090D nos data centers chineses pode ser o primeiro sinal visível de uma bolha de investimentos em IA que cresceu rápido demais. O mercado apostou em um crescimento contínuo — mas esqueceu que:

  • A IA exige dados, energia, talentos e aplicações reais para se manter escalável.
  • E nem toda empresa está pronta para transformar GPUs potentes em soluções práticas.

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