China avança seu domínio e conduz 90% das pesquisas em áreas-chave da tecnologia

China avança seu domínio e conduz 90% das pesquisas em áreas-chave da tecnologia
Photo by Li Yang

Levantamento aponta que a China conduz 90% das pesquisas em áreas-chave da tecnologia, superando potências e levantando debates sobre poder e independência científica.

Um levantamento internacional recente revelou que a China lidera pesquisas em cerca de 90% das áreas tecnológicas consideradas estratégicas, uma posição que além de refletir o crescimento acelerado do país, levanta questões sobre equilíbrio de poder, competitividade global e inovação futura.

De acordo com o estudo, publicado pelo Australian Strategic Policy Institute (ASPI), o país asiático domina a liderança de pesquisa em um número expressivo de campos que são cruciais para o futuro da tecnologia mundial, desde energia nuclear até sensores quânticos e sistemas avançados de computação. A participação chinesa cresceu de forma acelerada nas últimas duas décadas, ao ponto de superar gigantes tradicionais como os Estados Unidos em muitos setores.

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Uma mudança de paradigma na pesquisa científica

Até o início dos anos 2000, os Estados Unidos eram hegemônicos na pesquisa científica e tecnológica, liderando mais de 90% dos campos considerados críticos. Hoje, segundo o levantamento do ASPI, a China aparece como líder em 66 das 74 áreas analisadas, cerca de 89% das tecnologias rastreadas — incluindo setores emergentes como biotecnologia, sistemas de energia avançada, pequenas tecnologias espaciais e muito mais.

Além de quantidade, a qualidade dos trabalhos chineses também tem chamado atenção. O monitoramento leva em conta artigos de alto impacto, aqueles frequentemente citados por outros pesquisadores, o que indica não apenas volume de produção, mas influência real no desenvolvimento científico.

Esse cenário contrasta com o início do século, quando a China liderava menos de 5% dessas mesmas áreas tecnológicas. A mudança reflete investimentos públicos e privados massivos em educação, infraestrutura de pesquisa e redes de colaboração internacional.

Patentes, clusters e ciência aplicada

Além da liderança em pesquisa acadêmica, a China tem ampliado sua presença em outras frentes que marcam inovação estratégica:

  • Clusters de ciência e tecnologia: o país abriga mais centros de inovação de alta tecnologia do que qualquer outro no mundo, de acordo com índices globais — superando inclusive os Estados Unidos em número de polos considerados entre os 100 maiores do planeta.
  • Patentes de tecnologia: relatórios recentes indicam que a China concentra uma parte significativa das patentes globais, especialmente em inteligência artificial, 6G e digitalização industrial, presença que demonstra avanço não só teórico, mas também aplicado.

Esse conjunto de fatores, produção acadêmica, inovação aplicada e infraestrutura científica consolidada, reforça a percepção de que o país está se movendo rapidamente para uma liderança tecnológica duradoura.

Debates e desafios do novo protagonismo

O domínio chinês em pesquisa tecnológica suscita tanto otimismo quanto preocupação entre especialistas. Por um lado, a ampliação de conhecimento científico em setores críticos pode acelerar soluções para desafios globais, como mudança climática, saúde e infraestrutura. Por outro, há debates sobre os riscos de concentração de poder tecnológico e possíveis monopólios em áreas estratégicas. Pesquisadores e formuladores de políticas alertam que uma liderança desproporcional em tecnologia pode alterar equilibríos geopolíticos e econômicos de maneira profunda.

Além disso, embora a China seja líder em número de pesquisas e produção de artigos, rivais como os Estados Unidos ainda mantêm vantagem em áreas específicas, como alguns tipos de computação quântica e certas aplicações de inteligência artificial. Isso mostra que a corrida tecnológica global continua multifacetada e em evolução constante.

A ascensão chinesa em ciência e tecnologia não é um fenômeno isolado: seus efeitos reverberam em mercados globais, padrões de comércio, alianças estratégicas e nas prioridades de pesquisa de universidades e empresas ao redor do mundo. Países como o Brasil podem tanto enfrentar desafios de competitividade quanto encontrar oportunidades de cooperação científica em áreas de interesse comum, como energia limpa, telecomunicações e tecnologias espaciais.

No campo geopolítico, a influência tecnológica chinesa já se reflete em acordos internacionais, investimentos em infraestrutura e colaborações científicas, que moldam o ambiente global de inovação para a próxima década.

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avanço da China na pesquisa tecnológica representa uma nova configuração no cenário científico e tecnológico mundial. Ao liderar a maior parte das áreas consideradas críticas para o futuro, o país não só altera a balança de poder global, como também redefine como o mundo produz e compartilha conhecimento científico. Essa trajetória coloca a China no centro das discussões sobre inovação, competitividade e desenvolvimento sustentável nas próximas décadas, com impactos que vão muito além dos laboratórios e centros de pesquisa.

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