Embora desta vez tenha um toque tecnológico.
Uma nova geração descobriu o prazer de garimpar roupas descartadas por outras pessoas na esperança de encontrar a peça perfeita. Aproveitando essa tendência, empresas estão adotando plataformas de revenda que permitem capturar algum valor residual e ao mesmo tempo reforçar seu compromisso com a sustentabilidade.
No entanto, apesar de parecer bom demais para ser verdade, a revenda de propriedade da marca ainda enfrenta alguns desafios para revolucionar o varejo.
A Patagônia, renomada fornecedora de equipamentos para atividades ao ar livre, é uma das poucas empresas que adotou a revenda de marca. O programa Worn Wear, que começou como uma seção de roupas usadas em suas lojas físicas, hoje é um site completo de comércio eletrônico que oferece descontos em peças com muita vida útil. Além disso, oferece acesso a itens antigos que não estão mais disponíveis. Essa experiência de uma década mostra como a economia circular pode ser no futuro.
Para empresas como a Patagônia, a revenda de marca é atraente por várias razões. Suas roupas são conhecidas por serem duráveis e a marca se destaca por sua preocupação com a sustentabilidade. Vender roupas usadas é uma extensão natural desse compromisso.
Para outras empresas, mesmo que a sustentabilidade não seja uma prioridade, as plataformas de revenda de propriedade da marca podem ajudar a capturar parte do valor que iria para mercados de segunda mão, como eBay, Poshmark e Mercari.
Para abastecer o Worn Wear, a Patagônia paga às pessoas por suas roupas antigas, embora o valor seja menor do que se fossem vendidas diretamente em outros sites de revenda. Mesmo assim, o processo é mais simples: basta deixar as roupas em uma loja da Patagônia ou enviá-las pelo correio. A empresa Trove cuida do resto.
No armazém da Trove na Califórnia, uma equipe inspeciona e fotografa cada item de roupa recebido. Além disso, o ID de cada item é comparado a um banco de dados para verificar sua autenticidade. Caso o ID não possa ser identificado, a visão computacional é usada para reduzir as possibilidades. As condições de cada item são registradas para que os clientes tenham uma noção do que estão comprando quando o item é listado no site de revenda, que também é administrado pela Trove. Cada item recebe um SKU exclusivo devido aos diferentes padrões de desgaste. Os parceiros podem acompanhar o desempenho de sua plataforma de revenda por meio de painéis, relatórios e integrações de CRM.
Trove, que já levantou mais de US$ 150 milhões, incluindo um investimento inicial da Tin Shed Ventures, fundo de capital de risco da Patagônia, é considerada líder no mercado de revenda direta com marcas. No entanto, recentemente, a empresa parece ter enfrentado alguns contratempos. Sua rodada de financiamento Série E, concluída em julho, trouxe mais US$ 30 milhões, mas também diminuiu sua avaliação pela metade, de acordo com o PitchBook. Ainda assim, a Trove conseguiu atrair uma dúzia de empresas de roupas e equipamentos para sua plataforma, incluindo não apenas a Patagônia, mas também REI, Levi’s, Lululemon, Allbirds e outras.