O novo ano deveria começar com um aplicativo de calendário totalmente novo. Mas cerca de 72 horas depois que o serviço de e-mail premium Hey anunciou seu recurso mais recente – um calendário integrado – o cofundador David Heinemeier Hansson recebeu algumas notícias indesejáveis da Apple: ela estava rejeitando um aplicativo iOS independente para o Hey Calendar, porque os usuários não pagantes não podiam fazer nada quando abriam o aplicativo.
Novos usuários não podem se inscrever no Hey Calendar diretamente no aplicativo – o Basecamp, que faz o Hey, faz com que os usuários se inscrevam primeiro por meio de um navegador. As regras da App Store da Apple exigem que a maioria dos serviços pagos ofereçam aos usuários a capacidade de pagar e se inscrever por meio do aplicativo, garantindo que a empresa receba uma redução de até 30%. A polêmica regra tem muitas áreas cinzentas e lacunas (ou seja, aplicativos de leitura como Spotify e Kindle recebem uma exceção) e é objeto de lutas antitruste em vários países.
Mas como Hansson detalhou em X e em uma sequência postagem no blog, ele considerou a rejeição da Apple um insulto por outro motivo. Há quase quatro anos, a empresa rejeitou o aplicativo iOS original da Hey para seu serviço de e-mail exatamente pelo mesmo motivo. “A Apple acabou de nos ligar para nos informar que está rejeitando o aplicativo HEY Calendar da App Store (na forma atual). As mesmas táticas de intimidação da última vez: empurre rejeições delicadas para uma ligação com uma pessoa que usa apenas o primeiro nome e que irá informá-lo suavemente que é sua carteira ou seus joelhos”, escreveu Hansson em uma postagem no X.
O resultado da luta de 2020 funcionou a favor de Hey. Depois de dias vai e volta entre o Conselho de Revisão da App Store da Apple e o Basecamp, a equipe Hey concordou com um solução bastante criativa sugerido pelo executivo da Apple, Phil Schiller. Hey ofereceria uma opção gratuita para o aplicativo iOS, permitindo que novos usuários se inscrevessem diretamente. Mas o serviço de e-mail propôs uma pequena reviravolta – os usuários que se inscreveram por meio do aplicativo iOS receberam um endereço de e-mail aleatório temporário e gratuito que funcionou por 14 dias – após o qual eles tiveram que pagar para atualizar. Atualmente, os usuários do e-mail Hey só podem pagar por uma conta por meio do navegador.
Seguindo a saga com Hey, a Apple fez uma ressalva nas regras da App Store que afirmavam que aplicativos complementares gratuitos para certos tipos de serviços pagos da web eram não necessário ter um mecanismo de pagamento no aplicativo. Mas, como Hansson menciona no X, um aplicativo de calendário não foi mencionado na lista de serviços para os quais a Apple agora abre uma exceção, que inclui VOIP, armazenamento em nuvem, hospedagem na web – e, claro – e-mail.
“Depois de passar 19 dias analisando nosso envio, o que nos fez perder a data de lançamento há muito planejada para 2 de janeiro, a Apple rejeitou nosso aplicativo complementar gratuito e independente ‘porque ele não faz nada’. Isso ocorre porque os usuários são obrigados a fazer login com uma conta existente para usar a funcionalidade”, escreveu Hansson em uma postagem no blog.
Como Hansson detalhes em um post X, Hey planeja lutar contra a decisão da Apple – embora não tenha especificado que caminho eles tomarão. A beira entrou em contato com Hey e Apple para comentar.